Xabi Alonso vive num principado independente

Depois da chegada de James, mas sobretudo Kroos, Xabi Alonso percebeu que tinha que desarrumar a mala com aqueles auto-colantes que se compram nos aeroportos e nos identificam como alguém viajado. Estava na hora de voltar a ser dono do seu próprio destino. Hora de migrar em direcção a pastos mais verdes. Optou pela Baviera, apadrinhado por Guardiola, o 'mestre' que continua - depois de Thiago Alcântara - a lavar os pés dos seus apóstolos espanhóis. Dez milhões de euros são uma cifra digna, que atesta bem o valor de um atleta já com 33 anos. Prémio justo para um dos melhores passadores que tive o prazer de ver. Foram muitos, mas Alonso está naquele top três.

Carlo Ancelloti, assiste a tudo isto com cara de empate a zero. Há algo de muito irónico em todas estas movimentações. Thiago, que no Barça passava mais minutos à conversa com Pinto...é agora pedra basilar...para Guardiola. Fábregas, outro mal-tratado na Catalunha, faz girar o futebol...de Mourinho, esse diabo blanco, de cornos e tridente afiado, que agora recupera Césc para o futebol de elite. As mudanças - e mais que previsível sucesso - de Thiago, Xabi e Fábregas foram um péssimo negócio para os críticos profissionais. Sobretudo em Espanha, onde se menosprezaram as mudanças de três futebolistas que ainda guardam tanto dentro deles. Talvez seja só uma espécie de síndrome afecto apenas a quem tudo conquistou, mas agora os patinhos feios rareiam. Restam Casillas. O 'clássico' Arbeloa, e Sérgio Ramos para lá caminhará.

Alonso, esse, volta a deixar patente toda a sua peronalidade fosfórica. Fá-lo depois de, meses antes, ter anunciado a sua renovação através das redes sociais. Sem esperar pelo anúncio oficial do clube, um comunicado, uma declaração de um agente legitimado. Fez o mesmo quando repudiou as críticas duras a Mourinho, ignorando com isso o inerente desgaste da sua imagem. Xabi Alonso, em Espanha, nunca será reconhecido como um dos grandes. A sua renúncia à selecção não levantou a onda de solidariedade que, por exemplo, a de Xavi Hernandéz provocou. Alonso não se importa. Tal como não se importou quando, após o naufrágio brasileiro da Roja, foi o primeiro a, publicamente e sem medo das balas, expôr a sua verdade sobre o que correu mal. No principado independente de Xabi Alonso só há uma cartilha de príncipios. A sua.

Esta decisão de abandonar a monarquia apenas vem promover a crítica assassina, sem memória. Os fiscais vão aparecer, com aquele sorriso escarninho de quem não hesita em mutilar a reputação de alguém com a deixa do "tem mais amor ao dinheiro que à camisola" a escorrer por lábios sanguinários. Durante anos, os merengues viveram num drama: se Alonso se lesionava, o Real constipava-se. Agora, se Kroos espirra, o Real já sofre de uma pneumonia. Xabi parte para Munique com ambição renovada. Pode conquistar uma terceira Liga dos Campeões, pelo terceiro clube diferente. A realidade do principado independente de Alonso não deixa margem para dúvidas: depois de Fernando Redondo, sai do clube o melhor médio que aquela casa já acolheu.




Comentários

Mensagens populares