Os 'némesis' lusos no sorteio da Champions

É hoje! Pelas 16.45h, no quartel-general suíço da UEFA, realiza-se o sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões 14/15. Uma lotaria que, este ano, fala português desde os mais variados pontos geográficos europeus: depois dos assegurados Benfica e Sporting, FC Porto e as armadas lusas de Zenit, e APOEL, lograram marcar presença na prova que faz justiça ao laivo apaixonado de Luís Freitas Lobo: "Acima disto, não há mais nada!".

Não há mesmo. Mas para que o estado de encantamento perdure para lá de Dezembro, seria simpático a sorte rifada estar do lado das equipas portuguesas. Para tal, teoricamente, seria conveniente ficar longe de:

SL Benfica: está no pote 1, mas não tem, por agora, plantel para tão ilustre e bem forrado bacio. A nova versão do Benfica de Jesus não tem muito tempo para reformular um meio-campo que, ao contrário da temporada passada, é demasiado macio. A permanência de Enzo e a rápida adaptação de Samaris, um grego intenso e que, na liga local, tinha 88,8% de passes certos, serão determinantes para perceber em que medida os encarnados estão expostos aos perigos do pote 2. Se a esta premissa juntarmos um avançado concretizador para fazer par com Lima, o Benfica é legitimamente candidato ao segundo lugar do grupo. No pote 3, temer os irredutíveis de San Mamés. Já perderam com o Athletic na pré-época. É sempre boa ideia ficar longe de equipas espirituosas como os bascos, que fazem do 'Templo' uma autêntica fortaleza. O mesmo para o Liverpool, que certamente procurará a afirmação internacional que lhe foge há quase dez anos. Para isso conta com o rapídissimo Markovic, que saberá, melhor que ninguém, como ludibriar as ratoeiras defensivas apadrinhadas por Luisão e restante staff defensivo.

FC Porto: no pote 2, PSG e Manchester City. Duas máquinas de destruição maçica, cirurgicamente retocadas em relação ao passado recente. Com um Zlatan desperto, não esperem gestos nobres do príncipe dos príncipes no Parque homónimo. Basta recordar os autênticos massacres infligidos ao Benfica a época transacta, e não esquecer que os franceses foram a única equipa a não perder com o Barcelona. O Manchester City é uma avalanche de futebol ofensivo, com o plus de, agora e com a inclusão de Fernando, se sentir mais resguardado que nunca. Sem desprimor pelo papa-léguas Yaya Touré, o complemento essencial na ligação defesa-ataque dos ingleses. No pote 3, evitar a todo o custo ficar exposto ao pesadelo de Anfied Road. Já nem é tanto pelo ambiente, é mais, muito mais, pelo futebol demolidor dos Reds. Perderam Suárez, mas continuam com a corda toda, de uma equipa que, a dois ou três toques, coloca múltiplos atiradores na área contrária, prontos a ferir o guarda-redes adversário. São muito intensos. A par do Atlético de Madrid, são o conjunto com os melhores 20 minutos iniciais de jogo: levam tudo à frente, tudo. Veremos como encaixa Balloteli. Sobretudo no espírito cultivado por Brendan Rodgers. No pote 4, uma visita à 'Cidade Eterna' tem que estar fora do roteiro turístico; perderam o esteio Benatia, mas reforçaram-se com o central da moda, Manolas, num conjunto que, face ao desinvestimento da Juventus, é o principal candidato ao título em Itália.

Sporting CP: missão espinhosa para os leões. Não tanto pelos possíveis adversários, mas sim pelas fragilidades que ainda revela entre-portas. Estamos no início, a carroçaria reluz mais que a potência da engenharia, mas estou muito curioso para perceber até que ponto Alvalade será um feudo pronto a retaliar condignamente. No pote 1, qualquer adversário traria complicações a Marco Silva mas, de todos, o Arsenal é aquele que, nesta fase, está num momento de forma mais dócil e indefinido. O pote 2 reservam os maiores némesis históricos dos verdes e brancos: as equipas alemãs. Dortmund ainda não aprendeu a viver sem Lewandoski, mas é expectável que, em meados de Setembro, Klopp já tenha a formação amarela a dar sinal verde. Depois, PSG e City, como previamente enunciados. Basileia e Donetsk, pela instabilidade ucraniana, seriam palcos à medida de Nani e companhia. No pote 4, tirando a Roma da equação, até os monegascos de Leonardo Jardim estão ao alcance dos leões. Pelo menos enquanto o técnico madeirense não perceber que deixar Toulalan no banco é entregar o Mónaco aos leões. Literalmente.

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