Mané e Nani: as semelhanças acabam nas sílabas

Nani não teve o regresso que desejou
Sete anos em Manchester não são o mesmo que sete anos no Tibete. Chegado ao topo da montanha futebolística, Luís da Cunha percebe que os lances de alpinismo ainda não chegaram ao fim. Pelo contrário; a inclinação promete acentuar-se. O desafio que aguarda Nani em Alvalade é mais ingreme que aquele encontrado na industrial cidade inglesa. Com dois treinos nas pernas, foi titular com o Arouca. A estreia de auspiciosa teve muito pouco, e a ideia acentuou-se quando em campo entrou um outro produto made in Alcochete, que por sinal até partilha com Nani a facilidade silábica com que se pronuncia o seu nome. Falamos, obviamente, de Mané.

Nesta fase da sua carreira, tudo joga a favor de Mané. Apesar de todo o frenesim mediático à volta daquele que, em tempos, colocou a fasquia à altura do 'novo Ronaldo'. Olhar para Carlos Mané é revisitar o Nani de 2007: leve, motivado, com fogo nas botas...cheio de promessas em cada cavalgada. Percebe-se; o prime-time de Nani passou, e apesar de injustiçado no United, nunca conseguiu deixar de ser apenas o peixe que se cola ao grande tubarão. Do ponto de vista financeiro, a opção Sporting foi a mais acertada: ninguém lhe pagaria aquilo que os 'red devils' lhe depositam na conta, com o bónus de que o clube lisboeta lhe oferece o estatuto que nunca conseguiu alcançar fora de Portugal. Nesta altura, vir para o Sporting é como ir para a Arábia, mas sem sair da Europa: está longe dos campeonatos de topo, mas continua a receber principescamente.

O jogo diante do Arouca mostrou um jogador a querer ser o que nunca foi. Agarrado à apoteose da sua chegada, pegou numa batuta que lhe escapou demasiadas vezes da mão. Nem todos podem ser líderes. Nem todos o conseguem. Exemplo máximo disso foi o casamento de Balotelli com o Milan ao fim de tantos anos de namoro: não foi o chefe de família que os rossoneri precisavam e agora, debaixo da capa protectora de Gerrard, voltará a ser o avançado irresistível e sem pressão que sempre conhecemos. Os números voltarão.

O Sporting deveria ter atacado o mercado em busca de um extremo que não Nani. São demasiadas condicionantes para uma cabeça que não é revestida a aço como a de Cristiano. Teria sido preferível negociar a inclusão de Anderson no 'negócio-Rojo' para o lugar de André Martins, médio esforçado mas sem dimensão para uma prova como a Liga dos Campeões.

Será surpreendente se Nani, que para o ano completa 29 anos, não terminar a carreira no Sporting. A menos que, como o amigo Djaló, se torne em mais um embaixador da capoeira nos EUA.

Comentários

Mensagens populares