Heróis magiares: que futuro para os sub-19?

Onze anos depois, Portugal volta a abrir a janela das oportunidades. Entreaberta em 2011 com a presença na final do Mundial sub-20, na Colômbia, eis que Portugal volta a marcar posição na categoria de sub-19, invadindo os Montes Urais, mas acabando por perdê-los no último fôlego para os oleados alemães.

As bases estão montadas, o esqueleto está formado, mas os acabamentos das nossas esperanças numa selecção forte terão de ser dados pelos nossos principais clubes. Oferecer àquelas pernas minutos de competição ao mais alto nível é o requisito final para dar um salto que permita igualar forças com combinados como o alemão, espanhol ou francês, autênticos faróis da boa formação juvenil.

Mas será isso possível já este ano? Um a um, vejamos o que aguardam 'os 19' para esta temporada no clube com o qual tem contrato:

Tiago Sá: Fez a qualificação para o Europeu na totalidade, mas perdeu a baliza para André Moreira no começo deste. Campeão de juniores pelo Braga na campanha transacta, foi chamado à equipa B com alguma frequência, somando 17 partidas. Possivelmente, este ano fará mais jogos, sendo um elemento em quem Hélio Sousa deposita firmes esperanças.

André Moreira: o único a fugir à matriz da convocatória de Hélio, que assentou nos atletas dos três grandes. Ganhou o lugar a Tiago Sá e, depois da passagem pelo Ribeirão, passou a ser agenciado por Jorge Mendes, que o colocou no Atlético de Madrid. Foi agora emprestado ao Moreirense, numa lógica de crescimento...lógico. Carismático, faz da voz de comando e coragem as principais armas entre-postes.

Pedro Rebocho: Já assinou contrato profissional com o Benfica, mas a sua utilização cingiu-se apenas à equipa de juniores dos encarnados. Com a saída de Cancelo da formação 'B' das águias, espera-se que some alguns jogos por essa formação secundária.

João Nunes e Domingos Duarte: os dois centrais titulares durante toda a prova alinharam nos sub-19 de Benfica e Sporting, respectivamente. Estiveram em plano de destaque num conjunto que foi mais vezes falado pela acutilância ofensiva, que pela primazia defensiva. O que é dizer muito, sendo naturais as expectativas em dois atletas a quem os seus clubes reconhecem algum potencial. Estarão na Liga 2 este ano, apesar de se esperar que apenas Domingos Duarte, no futuro, ganhe algum espaço no Sporting.

Jordan Machado e Jorge Íntima: os dois forasteiros. O primeiro alinha na equipa secundária do Montpellier, o segundo nos sub-19 do Manchester City. Jordan Machado continuará em França, falando-se num empréstimo a um conjunto da Ligue 2, enquanto Jorge Intima, após um ano interessante, poderá ver a sua progressão travada pelo uso de polivalência excessiva de que sofre em Manchester. O futebol é dos especialistas...


Mauro Riquicho: veloz lateral-direito do Sporting B, é uma aposta a curto-médio prazo dos leões. Municia incansavelmente o ataque e recupera com o fôlego de um maratonista. Quando se fala na venda de Cédric época sim, época sim, Riquicho apresenta-se como recruta mais que válido. Enquanto isso não acontece, vai continuar a queimar relva nas laterais da Liga 2.

Rafa: um lateral à imagem do futebol moderno, mas que não se esquece que a origem posicional do seu posto está lá atrás, defesa. Usado intermitentemente na formação 'B' do FC Porto, a saída de Quinones abre-lhe o espaço competitivo que o seu futebol merece. Para os seguidores do futebol de base, Rafa é uma espécie de 'novo Marcelo'.

Podstawski: nem sempre titular no FC Porto B, pode esperar que isso seja uma realidade na época vindoura. Anteriormente tapado por Mikel (e até Pedro Moreira), já nem Rúben Neves conta como adversário, integrado (e bem) no plantel de Lopetegui. Aos anos que ouvimos falar deste luso-polaco, que só agora poderá emprestar a palcos mais rasgadinhos a inteligência táctica em que assenta o seu jogo. Titular de caras neste FC Porto B ao lado de Pité.

Guzzo: já 'cobiçado' por Alexandre Gallo, director da CBF, este natural de São Paulo foi figura de proa no brilharete encarnado na Liga dos Campeões de juniores do ano passado, onde apenas caiu aos pés do Barcelona de Haddadi. Projecta-se igual tratamento dado a André Gomes e João Teixeira: incubadora (neste caso ventila-se empréstimo ao GD Chaves, onde será treinado por quem nele muitas fichas colocou, Norton de Matos), para logo ser opção válida para Jesus.

Francisco Ramos, André Silva e Ivo Rodrigues: se o médio Francisco e um médio discreto, mas intenso nas suas acções, o mesmo não se poderá dizer de André Silva e Ivo Rodrigues, exponentes máximos dos juniores do FC Porto. Com a debandada de Caballero e Vion, os dois tem tudo para ser figuras de cartaz da equipa 'B' portista, num ano em que (infelizmente) os dragões apostaram forte no mercado internacional para rechear o plantel às ordens de Luís Castro.

João Palhinha e Gelson Martins: Palhinha era muito apreciado por Jesualdo Ferreira. Após este ter abandonado Alvalade...já nem tanto. Chegou do Sacavenense há dois anos, mas não se augura promissor o horizinte de Palhinha na Academia, onde a temporada passada contabilizou apenas dois encontros. Gelson Martins é o inverso: renovou até 2019, em mais um operação-blindagem de Bruno de Carvalho. E bem, pois parece estar aqui uma versão de Nani com pilhas recarregáveis ao intervalo.

Marcos Lopes (Rony): há muito que poderia ter desfeito o enigma que será a sua participação sénior no futebol internacional. O Brasil não quer ver repetido o 'caso Deco', mas nós queremos, numa ambição completamente legítima, assente num jogador que cresceu e jogou sempre por Portugal. O próprio atleta vai alimentando a dúvida. Infelizmente, pois está aqui uma das referências para uma posição tão carente desde o 'Mágico'. Emprestado pelo Manchester City ao Lille, pode beneficiar da lesão de Marvin Martin para desde já se assumir como dono do lugar.

Nuno Santos e Romário Baldé: os dois alas goleadores dos sub-19 benfiquistas. Distanciam-se um do outro num detalhe absolutamente crucial: a mentalidade. Se Romário Baldé for capaz de domar a sua insubordinação, será um caso sério já este ano no Benfica B. Nuno Santos é um extremo fiável para Hélder Cristóvão. Logo que recupere da lesão que contraiu no europeu, será opção mais que válida.


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