Manchester United: os diabos (vermelhos) já não vestem Prada

Van Gaal em Old Trafford: sair do inferno levará tempo
Arranjar lugar em Old Trafford num dia de regresso de 'Premier League' é quase tão complicado de gerir como o crescente sentimento de confusão que se vai instalando na nossa cabeça durante o jogo com o Swansea City. Sim, muitos de nós esperávamos a derrapagem de títulos quando Alex Ferguson se retirou, mas ninguém - ninguém - esperava que caíssem tão fundo, com tamanho estrondo. Afinal de contas, o Manchester United foi o clube mais dominador da última década em Inglaterra. A tarde de sábado confirmou as suspeitas: não é um pesadelo, e a temporada passada não se tratou apenas de um mal-entendido. A recuperação será lenta e dolorosa.
A retumbante vitória do Chelsea, no Turf Moor, diante do Burnley, cravou a faca mais fundo. Era apenas o Burnley, é certo, toda a gente esperava que a equipa de Mourinho manietasse a seu bel-prazer um emblema que, ao todo, para este ano, gastou uns raríssimos cinco milhões de libras, quando a regra naquela liga é esbanjar mais notas que o Fernando Mendes na série 'Nós os Ricos', nos longínquos idos de noventa da televisão estatal. Os reforços do 'Happy One' excederam-se; normal, houve lógica nas suas chegadas. Fábregas e Diego Costa preencheram os autênticos buracos na estrada que havia na equipa londrina. Arrisca-se o exercício: quantos jogadores do actual United 'calçariam' neste Chelsea? Nenhum.
Quantos red devils não desfigurariam os galácticos de Madrid? Ou o Barcelona, Bayern, City. A resposta é sempre a mesma. De Gea talvez tivesse uma palavra a dizer .Talvez Januzaj, uma abelha ferradora belga em ascensão, pudesse intrometer-se. É tudo. Estas equipas são, supostamente, os maiores 'némesis' do United mas, na verdade, estão num patamar completamente estratosférico à realidade do conjunto de ‘Van Genius’. Sejamos directos: o clube está envolto numa salada-russa de incompetência, e numa relação séria com a mediocridade. Toda a gente sabia que precisavam de se reforçar com quatro ou cinco jogadores de nível superior. Mas não: comprou-se futuro, e um futuro que não saiu nada barato. Luke Shaw e Ander Herrera são mais valias, mas não estão no patamar que se exigia a um United tão deficitário e alarmantemente necessitado. O buraco, em vez de fechar, alargou-se. A poucos dias do fecho do mercado, o plantel está mais que aberto. A família Glazer gasta, mas gasta mal, e comprar tão perto do fecho de operações apenas os aproxima mais de casos como o de Fellaini.

É desolador, mas o clube começa a perder a sedução que outrora lhe era característica. Marcos Rojo acaba de assinar, mas não chega para contra-balançar com perdas como as de Vidic, Ferdinand e Evra.

Não se lhe conhecem dotes de, mas as habilidades para coser de Van Gaal serão postas à prova. Não um Prada, mas um Tommy Hilfiger, que é como quem diz: ficar nos quatro primeiros será, por ventura, um feito maior que levar a sua Holanda até às meias do Mundial brasileiro.

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