Petr Cech e Artur: nem todos os romances duram uma vida

Petr Cech é agora o n.º 2 na baliza do Chelsea
A foto em que Petr Cech figurava destacadamente, está a ser alvo da tesoura. É um bocado como acontece nos processos de divórcio. Há sempre um elemento que acaba com a cabeça cortada, deixando o tronco e membros restantes entregues ao imaginário de quem ainda está aí para as curvas. À imagem da personagem de Cameron Diaz em 'Vanilla Sky', por exemplo. Courtois é, obviamente, a encantadora Sofia Serrano (Penélope Cruz), que acaba por inadvertidamente seduzir o boneco de Tom Cruise. Cruise que aqui representa, pois claro, José Mourinho, embevecido pelos talentos elásticos do belga ex-Atlético de Madrid. Cada defesa improvável de Courtois, esborrata um bocado mais a figura do gigante checo da foto de família do plantel londrino. As pernas já eram, o tronco é só o próximo passo para apagar a memória sorridente de dez anos formidáveis de Petr Cech à frente das balizas de Stamford Bridge.

Já não se respeita atempadamento os mais velhos porque hoje os jovens quase não tem tempo de o ser. O vigor dos vinte e poucos acelera a erosão do trintão. Especialmente quando estamos a falar de Courtois e Cech. Ou Oblak e o coitado do Artur. Deus o salve, que Jesus não está para isso! Contrariamente ao homem-bomba brasileiro, o rendimento de Cech não sofre grande contestação, apesar de, por esta altura, não ter fôlego para competir com a séria candidatura de Courtois ao título de guarda-redes da década. Os papéis para o concurso estão entregues, e José Mourinho rubricou a assinatura em concordância. Não podia ser de outra forma quando estamos a falar de um jogador que tanto promete por entre tamanha certeza.

Em Madrid, contrariamente ao registado em Londres, estão sempre a chegar profissionais da fotografia. Por mais que Casillas a borre, há sempre um perito em 'photoshop' para retocar a imagem do guarda-redes espanhol e manter a sua reputação intacta. Não são capazes de tratar Casillas como Cech é tratado, pese o aporte significativo que a contratação de Keylor Navas garante. O clube do século não podia, não queria, estar associado a um 'downsizing' meramente baseado nos requisitos técnicos. Como podia, depois de desvirtuar tanto a equipa com as vendas de Xabi Alonso e Di Maria? Como em tudo, o equilíbrio é importante. Lamentavelmente, a balança oscila sempre equivocadamente.


A esperança não se esgotou para Cech. Há mais cantos da coruja para conservar imaculados. Não há motivos para o colosso de Pilsen se sentir desolado. Paulo Halm advoga que os romances duram apenas prazerosos noventa minutos. O de Cech durou dez anos. Não fiques triste porque acabou, sorri porque aconteceu, certo?

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