As medalhas da semana: do trampolim de Talisca à incoerência federativa

'Pasillo' na liga espanhola: os derrotados aplaudem o campeão
Quando era miúdo, o agente funerário do meu bairro relembrava-nos, de uma forma relaxadamente sombria, que "o azar de uns, era a sorte de outros". Obviamente que, para aquela personagem alta e de olhos cavados, quanto mais alta a ondulação da taxa de mortalidade, mais ele saboreava aquela frase que me iria acompanhar para toda a vida. A nova rubrica do 'Futebol-Tricot', consciente desta premissa, presta-se assim a relatar, e destacar, quem esteve por cima durante a semana...e quem foi enterrado, claro. Com direito a medalhas e tudo!

Nacional

Ouro: Talisca - fez três golos a um V. Setúbal mortiço, e ganhou, forçosamente, um adereço novo. A dupla Jorge Jesus & Mourinho, sequiosa de protagonismo, colocou em cima do esquelético ex-Bahia uma bigorna que leva o peso de seis milhões de portugueses. Foram declarações precipitadas, de dois treinadores curtidos nestas andanças e que deveriam estar cientes que foi uma exibição-trampolim do brasileiro: agora, ao descer, há que saber amortecer a queda e saber curar as feridas abertas pelo próprio sucesso.

Prata: Rui Vitória/ Guimarães - em Itália, a Gazzeta dello Sport elege-o, juntamente a Sagnol, Monk e Roger Schmidt, como um dos "mágicos" do futebol europeu. Apenas mais uma qualidade incorporada pelo filho adoptivo do castelo de Guimarães, utilíssima numa época em que os cofres do Vitória estão mais vazios que a caixa de pastilhas elásticas do treinador do Benfica . Nomeou cavaleiros ilustres desconhecidos (Tomané, Bernard, Cafu, entre outros), infligiu o primeiro empate ao monstro em que o FC Porto ameaça tornar-se, e faz parte do quarteto que lidera a I Liga portuguesa.

Bronze: Petit e a primeira vitória do 'seu' Boavista - o Boavista é dos boavisteiros e, a seguir ao Manuel do Laço, poucos são aqueles que, como Petit, aceitaram ficar aprisionados nas divisões secundárias do futebol português. Um sítio demasiado ermo e escuro para um emblema com a história dos portuenses, que neste fim-de-semana venceram a Académica e arrecadaram a primeira vitória desde que o clube foi recolacado no lugar a que tem direito. Os caloiros eram eles, mas foram os mestres de Coimbra que foram à máquina zero do Bessa.

Lata: Ricardo Chéu/ Penafiel - não são dores de crescimento. Por agora, o Penafiel já não pode crescer mais. São a única equipa que ainda não pontuou na I Liga e, depois de João de Deus no Gil Vicente, serão a próxima equipa a proporcionar uma chicotada no actual comando técnico ao cargo de Ricardo Chéu. É a solução mais simples, apesar de longe de ser a aconselhada. Até lá, os penafidelenses a pouco mais aspirarão que a sonhar com uma condenação que, ao fim de quatro jornadas e depois de se afundar no 'Caldeirão' dos Barreiros, está mais que anunciada.

Papelão: Federação Portuguesa de Futebol - a 'Marvel', editora de banda-desenhada, possui uma companhia ficcional chamada 'Controlo de Danos', cujo fim é o de reparar a propriedade danificada pelos conflitos entre super-heróis e vilões. Depois do descalabro em Aveiro, a saída de Paulo Bento representa só e apenas isso mesmo: controlo de danos, soldar as brechas do navio em que o timoneiro, às tantas, é o menos responsável pela água que meteu. Afinal de contas, e perdoem-me a brincadeira, há que g(albani)zar um povo que está mais descrente desde que Scolari levou para casa a santinha que tinha na capela da FPF.

Amanhã, os destaques e desilusões internacionais da semana!

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