O alfaiate português de Peter Lim

Fez quinta-feira um aninho, e todos lhe bateram palmas. Afinal, o Valência acabara de trepar até ao cume da liga espanhola. Os que ontem o ajudaram a soprar as velas, nem sequer deram conta do parto valenciano, um ano antes, ainda Singapura não tinha qualquer relevância no dia-a-dia do clube. No passado, 25 de Setembro ficara marcado pela expulsão do central Rami da concentração da equipa, em Granada, por ordem do então treinador do Valência, Djukic. O tempo haveria de deixar claro que os dois partilhavam culpas no cartório, de um episódio que, na sua essência, provou que, nem aquela - na verdadeira acepção da palavra - era uma equipa, nem o sérvio tinha uma ideia clara de como tomar as rédeas do morcego. Esse, seguiria pela mesma porta de Rami, dois meses depois. Provavelmente demasiado tarde, numa equipa que cosia as primeiras linhas de uma camisola avessa a super-egos.

É aqui que entra Nuno Espírito Santo. Ferramenta de (Lim)peza, e auxiliar de uma continuidade, sempre abonatória das boas, mas sobretudo sensatas, ambições de um megalómano asiático. O objectivo, por agora, não passa por conquistar 'La Liga', mas sim o Mestalla. Secundado por dois animais de balneário - Ayala e Rufete - o técnico português teve a inteligência de não fugir ao modelo implantado de preferência em Espanha: contra-ataque vertiginoso, alicerçado numa organização defensiva exemplar. Mas as virtudes de Nuno não se esgotam na compreensão do jogo. Quando Nico Párejo, capitão do Valência, entrega a bola a Rodrigo para este bater o penalti de que resultaria o último golo da partida, diante do Getafe, está atestado um dos principais trabalhos de Nuno. Se forem uma equipa, a entre-ajuda torna-se um prazer. Se forem uma equipa, frustram milhares de apostadores que esperavam encher os bolsos à custa de uma aposta ofensiva. Se forem uma equipa, estão mais perto da vitória.

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