Carlos Vinicius: a sombra do Morro de Goiânia

A par de Licá, o desempenho  individual mais impressionante da jornada. Ao 'Lord' e sua fibra mental não imperam mais elogios, numa carreira olhada pela desconfiança eterna, muito por culpa da quantidade absurda de páginas imbecis que contaminam a internet. As linhas são dedicadas a outro senhor. Carlos Vinicius, general dos Arcos.

Gostava que esta parte pudesse resumir-se a um brevíssimo parênteses, mas a qualidade de jogo do brasileiro, aliada ao trajecto do mesmo, relembra-nos que as os minérios mais preciosos estão por todo o lado.

Recrutado pelo Real Massamá (do CNS) após papel decisivo na subida do Grémio Anapólis à primeira divisão do campeonato de estado de Góias, teve desempenhos que levaram observadores do Nápoles até Sintra, que validaram a contratação para o gigante italiano. Não tendo espaço imediato no plantel (Lorenzo, Mertens, Callejon, Milik..), chega ao Rio Ave este verão. Dez jogos e seis golos depois,  aparece no Dragão para enfrentar uma dupla que, neste curso, ainda não havia experimentado as dificuldades (por vezes o desespero, na cara de Felipe) que Vinicius provocou.

Os centrais do Porto (quando acertaram no homem a marcar o avançado), foram especialmente impotentes perante o manancial futebolístico de Vinicius. A forma como engana a movimentação defensiva portista no golo que aponta (com um Casillas prostrado a seus pés), bastava para lhe dar o destaque, mas Carlos Vinicius alargou esta ameaça real ao longo dos noventa minutos.

Com formação como médio ofensivo, decidiu e finalizou com qualidade superior aquilo que os sábios Tarantini e Coentrão iam arquitectando. Caindo nas alas ou recebendo à entrada da área, o avançado arranjou quase sempre forma de ludibriar a defesa do FC Porto. Especialmente poderoso (fisica e tecnicamente) na forma como trabalha, protege a jogada, para armar o remate, o avançado destaca-se ainda pelo timing na desmarcação e o remate seco, forte, quase sempre colocado.

Não manda na equipa, mas já é o general absoluto da última linha ofensiva nos Arcos. Daí a Imperador, são jogadas de bastidores, que neste caso parecem merecer a ascensão, de aspirante a ator principal noutro género de salas de teatro.