Kléber: a ceia do rapaz que veio da 'Ilha do mel'

Há uma 'roulote' - daquelas que páram nas feiras populares -, em Vitória, capital do estado do Espírito Santo (Brasil), que serve a refeição mais desafiante de todo o país. Ainda ninguém lhe conseguiu pôr termo. Consiste numa amálgama calórica composta por dez fatias de bacon, queijos vários, buffet de feijão, e quatro 'gofres' acompanhados por alguns batidos de soja dos mais variados sabores. O peso total de todos estes 'alimentos' cifra-se nos cinco quilos. Mais ou menos o peso de um recém-nascido hipernutrido. O dono da auto-caravana, responsável por esta atrocidade, chama-se Carlos Pinheiro e já apareceu num dos mensais da terra (acompanhado de uma fotografia a transpirar orgulho), gabando-se de ter criado um prato que vence a gula mais descontrolada.

Ontem à noite, Kléber Laube - ou só Kléber - natural do mesmo lugar onde a auto-caravana estaciona, fez um golo ao Panathinaikos, depois de no último fim-de-semana ter picado o ponto diante do Benfica. Não me junto ao coro da crítica fácil. A qualidade nunca abandonou o corpo do avançado quando ele viajou da Madeira para o Porto, mas desconheço as causas de Kléber, neste momento, ter uma média de um golo por jogo. Tanto na liga portuguesa como na Liga Europa. Se Vítor Pereira soubesse lançar as cartas, de certeza que teria prometido a ele mesmo comer aquela refeição três vezes, se há dois anos atrás alguém lhe dissesse que Kléber ia começar a enjoar de tantos remates certeiros que promete somar ao 'Curriculum Vitae' esta temporada.

A decisão do ex-técnico portista, à época, fazia todo o sentido: estudados os registos de Jackson Martínez, Varela e Iturbe, Kléber ficava claramente a perder. Seria, por sí só, um argumento com peso suficiente para que o debate não se estenda mais. No entanto, quantas vezes Kléber teve uma sequência de jogos assim no Porto? Em que contexto foi feita a aposta no avançado brasileiro? Kléber chegou do Marítimo, onde era ele quem mexia a colher-de-pau no 'Caldeirão', e de repente no Porto pedem-lhe que, num estalar de dedos, seja a referência de um futebol cuja ponta do novelo nunca foi encontrada.

Se João Pedro Galvão não tivesse saído da 'Linha', talvez Couceiro nem sequer equacionasse o empréstimo. Mas aconteceu, e o ex-FC Porto respondeu com golos. Como sempre havia respondido antes de aterrar no Dragão. As duas épocas espectaculares no Marítimo comprovam-no. Tinha 19 anos. Agora tem 23, e enorme margem para finalmente explodir o contador. Numa comparação que ainda não sabemos se será à escala, basta recordar que Falcao, com a mesma idade, não tinha números impressionantes. Agora é aquilo que todos nós sabemos. Ah!, quase que me passava: há um prémio de 200 euros para quem conseguir terminar a refeição servida na caravana. Um 'póker' de Kléber depois de amanhã, com o Gil Vicente, de certeza que dá mais dinheiro nas casas de apostas.

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