Dentro da mente de Roy Keane

Mas o cão raivoso e o técnico escocês nem sempre estiveram em discordância. Ambos diminuíam o papel da 'Classe de 92'. Aquela encabeçada por Beckham, a quem Ferguson, após a retirada de Cantona, nunca quis entregar o mítico número sete por o extremo já viver uma vida dupla entre a ala e as discotecas onde Vitória, a esposa, começava a fazer presenças devido ao retumbante sucesso que as 'Spice Girls' começavam a amealhar. Haveriam de seguir caminhos diferentes em 2005, onde uma passagem de Keane pelo Celtic não foi mais que um registo em homenagem ao espírito que ambos partilham. Os bancos eram o passo natural para uma personalidade daquelas.
Para Roy Keane, nunca foi sobre o dinheiro. A atitude era tudo. Começa a arrumar o cacifo assim que chega para tirar o Sunderland do fundo do fosso. "Eles ouviam a 'Dancing Queen' antes de subir ao Boleyn Ground [campo do West Ham]!. Nunca poderia fazer nada por aqueles rapazes, estavam completamente perdidos". Passou pelo Championship, no Ipswich Town, mas viu as suas tentativas de contratar o fleumático Robbie Savage, um médio-defensivo com um cabelo selvagem e que jogava sempre de faca nos dentes, frustradas. Quando lhe ligou, o atendedor respondeu: "Whattssuuupppp!". "Nunca mais lhe liguei, e a transferência foi abortada. Não podia contratar alguém com uma mensagem daquelas no gravador!". Meses depois, bateu com a porta, alegando que viver em Ipswich era um pesadelo azul. "Tudo me fazia lembrar o Glasgow Rangers!".
Agora, numa altura em que procura a redenção como número dois do Aston Villa e da selecção do 'Trevo', volta a assobiar pelo táxi da controvérsia e traz à luz do dia a faceta vulcânica que divide as opiniões de todos. Não há descanso para os amaldiçoados, não é? Pelo menos Roy Keane assim pensa.
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