O folclore de Mourinho faz parte de uma engenharia mental de sucesso

O Chelsea aborrecia. A quem investia e não apenas gastava, não. Abramovich via o projecto brotar além do betão lançado na primeira temporada. Apoiado por John Terry e por Nemanja "cimento-cola" Matic - há sempre um Materazzi, um Gallas, um Essien! - o Chelsea tornou-se um favorito das casas de apostas. Estatisticamente fiável e regular, sair da órbita traçada nunca foi um receio. Mourinho nunca tropeçou, levantou os estandartes de guerra habituais, entornou o vinho quando teve de o fazer. Tudo parte de uma engenharia mental que muitos apelidam de maquiavélica, por vezes baixa, mas que coloca o emblema londrino no topo do futebol da capital inglesa.
"É um sentimento especial [vencer este título], porque não sou a pessoa mais inteligente do mundo quando escolho um país e uma equipa para treinar. Podia ter escolhido outro país, mas escolhi a liga da Europa mais difícil de ganhar". Mourinho deverá controlar a soberba. Alex Ferguson já não está presente para brindar com o técnico português e, segundo leio nos meios ingleses, 'Big Sam Allardyce', um dos seus queridos inimigos, foi aconselhado a largar qualquer bebida alcoólica após a sua chegada ao West Ham United. Restam-lhe poucos bens humanos. Os materiais, sobra o que mais interessa, o titulo amealhado. Mas soa o alarme. O alarme que a própria caricatura de Mourinho monta cada vez com maior frequência sobre a necessidade de fazer do sucesso individual um folclore mais mediático que o colectivo.
António Borges
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