Portugal - França: não faz sentido pensar em profundidade se não houver progressão ofensiva

- a necessidade de despir o par Nani-Ronaldo de responsabilidades defensivas só faz sentido se, com bola, resolvessem o problema global desta selecção portuguesa: a ausência de progressão ofensiva. Dão profundidade ao flanco, juntam-se a um dos médios como a primeira parede na saída de bola francesa (aqui João Mário foi muito mais eficaz que Adrien), mas não há progressão. Pode-se treinar progressão sem profundidade, mas profundidade sem progressão não faz sentido, é desligar dois elementos super-criativos do resto do jogo. 

- a nuance táctica que Fernando Santos 'prometia' reinventar nos seus primeiros jogos à frente do combinado português, caiu claramente por terra. Na ausência de William Carvalho subiu ao palco Danilo. Mas foi o 'remendo' Adrien quem desiquilibrou completamente a dinâmica e as movimentações tantas vezes ensaiadas com João Moutinho naquela posição, não conseguindo (não por demérito próprio total) o médio do Sporting camuflar a ausência dos alas (Ronaldo, que falta de compromisso quando nada acrescentou com bola!) na hora de bascular em transição defensiva. Sobretudo à esquerda da defesa portuguesa, que até contou com um Eliseu bem posicionado. Pelo menos até à entrada de Griezzmann, que veio baralhar por completo a marcação dos jogadores portugueses.

- jogo irrepreensível de Vieirinha nas suas novas funções, que lhe são também confiadas, há algum tempo, no Wolfsburgo. Quando a França deslocava o seu centro de jogo para o corredor central, foi possível ver Danilo, Adrien e João Mário alinhados, secando a fonte Fékir e Benzema. Este último, quando caía na zona de Vieirinha - e ajudado por Danilo, excelente a compensar na direita - foi sistematicamente obrigado a recomeçar o jogo gaulês a partir de trás.

- a substituição de Veloso por Adrien acabou por reequilibrar o conjunto nacional. Raramente ultrapassou a linha de meio-campo, acabando por ser o rosto da mudança táctica que acabaria por unir Nani a Eder na frente lusa, acabando Portugal a jogar num falso 4-4-2. Danny renderia João Mário, mas já entrou em jogo com as costas mais quentes que o jogador leonino, dispondo de outra cobertura para transportar a bola até às imediações da área gaulesa que, a cinco minutos do fim, estava completamente confortável em cima da vantagem que Valbuena ofereceu através de um livre que denuncia um erro grave de posicionamento de Rui Patrício.


- se se mantiver a dinâmica e movimentações no jogo frente à Albânia, será um crime não trocar Adrien por Bernardo Silva. Progressão, lembram-se?

António Borges

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