Leo pode fazer de Xavi, Iniesta e Busquets...mas não lhe peçam para ainda ser Messi

O Barcelona adormeceu. A convicção de que o barco se governaria sozinho era tanta que se ignorou o crescimento do seu maior rival. Um rival que prova que o futebol é tão cíclico como cruel. Um rival que contrata pouco, mas que muito se reforça. Um rival que confia cegamente num técnico que se revela cada vez mais num fenómeno; um fenómeno tão misterioso como o 'Tríangulo das Bermudas' ou a existência de água em Marte. Um técnico que lidera uma equipa que adora ganhar. Um apetite tão voraz não se adquire no mercado de inverno. Mesmo que debaixo do colchão esteja um cheque de 222 milhões.

Há um caminho curto, e outro longo. Há o medicamento convencional, que eliminará os sintomas mas que não curará a doença. Aquele 'Barça' ortodoxo, de 2008-2012, é hoje uma memória longínqua, rarefeita pelas passagens de Luis Enrique e Tata Martino, homens que acreditavam que 89% de posse de bola era a mesma coisa que ter 90% da mesma. Não é, e rapazes como Iniesta e Busquets ressentiram-se dessa mudança de paradigma. O Barcelona necessita de voltar às origens. Precisa de formar, de recuperar o genoma da formação. Enquanto isso não acontece- e porque é um processo gradual, moroso -, o maior desafio actual de Valverde será engolir o genérico certo e disfarçar os sintomas de falta de identidade. A melhor forma de a mascarar será construir uma estrutura baseada numa vantagem competitiva e, a partir daí, marcar a diferença. Essa vantagem chama-se Messi. Veremos como o clube o saberá rodear. Perder Neymar, e contratar um trintão de 'erasmus' na China, não foi um bom começo.

ANTÓNIO BORGES

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