Taça da Ásia 19: desliguem a consola, este mês é real

Heung.min Son, estrela máxima asiática, celebra a conquista dos Jogos Asiáticos, livrando-se assim do serviço militar obrigatório na Coreia do Sul.
Instalada no luxuoso hotel dos Emirados Árabes Unidos, a 17.º edição da Taça da Ásia significa o que todos os grandes torneios de selecções significam para um continente. A fervorosa Ásia, que volta a ser um destino babilónico para os estrangeiros que dão qualidade às suas ligas, torna-se no epicentro de duas correntes de economia futebolística completamente díspar.

Se de um lado temos as superpotências Japão e Coreia do Sul, (com campeonatos fortíssimos, povoados de nativos que jogariam em qualquer clube das cinco melhores ligas europeias), a conseguir exportar talentos para a Europa como Nakajima que, na absência de Kagawa e Okazaki na fase de qualificação, teve papel determinante na atraente proposta de Hajime Moriyasu, que já havia dado provas ao Mundo aquando dos oitavos de final do Rússia 16', jogo em que os 'Samurais Azuis'  quase deceparam uma Bélgica à antiga.
A Coreia do Sul tem duas caras. Uma com Son e outra sem Son. Depois da Federação sul-coreana chegar a um acordo com o Tottenham para apenas dispensar Son a partir do último jogo da fase de grupos, Paulo Bento guia um conjunto que só sabe ganhar há seis jogos consecutivos. Precisamente aqueles sob o consulado do técnico português, que terá pela frente o Quirguistão e as Filipinas (comandadas por Sven Goran Eriksson.), e a China, onde o futebol estagnou um bocado pela recente política desportiva do governo chinês de minimizar a presença de estrangeiros naquele campeonato. Para já ainda não surtiu o efeito desejado. Isso poderá mudar, se tomarmos como exemplo os Emirados Árabes Unidos, que, como demonstrou na final do mundial de clubes diante do Real Madrid, vale a pena apostar na prata da casa.

Num patamar um bocado mais abaixo, Irão e Austrália. O Irão, sempre de faca na boca, impressionou bastante na Rússia. A capacidade de sofrimento, aliada às boas saídas lideradas por Azmoun, permitiu-lhes lutar por qualquer jogo, num grupo que, recorde-se, contava com Portugal e Espanha. Carlos Queiroz havia avisado que esta era uma selecção em construção, e poderá ser tida em conta neste torneio. Quanto aos 'Socceroos', apoiam-se sobretudo na capacidade de Aaron Mooy, médio influente do Huddersfield, agora que o lendário Tim Cahill, esse verdadeiro índio das balizas, decidiu pendurar (de vez!) as botas. Defendem o título, conquistado em solo próprio, há quatros anos.

Depois temos as minas de ouro árabe. Arábia, Emirados Árabes Unidos e Qatar, os três representantes daquilo que o futebol seria se fosse um videojogo. Se na Arábia ainda há uma margem concessionária para com os estrangeiros larga, os EAU e, sobretudo este, o Qatar, idealizaram todo um plano a longo prazo de tornar esta pequena península árabe num harém que, pese embora todas as luzes e visões das instalações de luxo que nos fazem chegar, tem métodos de recrutamento jovem que deveriam ser analisados mais de perto pelas entidades competentes. Nem todos os métodos justificam os fins.

Por fim, aquela parte do continente que mais beneficiará com este mês. Período sabático para o oeste asiático, que espera aproveitar esta pausa para respirar um pouco de todos os conflitos que os envolvem. Entre a guerra bíblica de Israel com a Palestina ou as guerrilhas sem fim no Yemen, as lutas são tantas na realidade destes povos, que se espera que o futebol faça o que melhor faz às pessoas.

Razões de sobra para seguir esta prova não faltam.

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