As pistas de Diego Simeone: afinal, o que é ser grande?

Afinal de contas, o que é ser grande? Começa numa passada pesada do exército que faça tremer o chão, numa campanha vitoriosa que leve o medo, o respeito a todos os estádios, ou ser grande é uma característica intrínseca que brota das próprias fundações (e obrigações) morais de uma equipa?

Os treinadores que deixam pistas valorosas, capazes de desvendar o mistério, são tão raros como aqueles que se dispõe a falar verdadeiramente de futebol. Sérgio Conceição, Jorge Jesus, Lopetegui (a publicações espanholas), são alguns, poucos, dos exemplos mais próximos. Lá fora, quem me encanta é Diego Simeone. Pela firmeza inabalável nas suas convicções - que tanto está presente numa sala de imprensa, como numa churrascada com família e amigos - claro está, mas, sobretudo, por ser capaz de semear e fazer germinar ideias de grandeza em quem o ouve. Com contrato renovado até 2020, 'El Cholo' afirma que o projecto é "que o jogador não pense contra quem vai jogar, mas sim na camisola que veste". Não há declarações vazias, desnecessárias e incompreensíveis de ambição. O ADN do seu treinador - general, motivador - é assimilado osmoticamente pelos seus jogadores.

A mente irascível, como uma roseira chata que, por mais cuidado que ponhamos no acto de a querer domar, acaba por nos ferrar e fazer sangrar. Há que a podar, renovando com Godín, Arda e Koke, traves mestras e extensões de Simeone em campo, nunca perdendo de vista Oliver e Baptistao. Gerir dilemas como Miranda e Tiago, injectando potência através de Cavani ou Reus. Tudo isto sem desmontar a própria identidade: contra-ataque, equipa chata nos limites da agressividade, que todos sabem que luta por tudo. Porque veste a camisola do Atlético de Madrid. Simples, hum?

António Borges

Comentários

Mensagens populares