Bayern Munique: qualquer aluno cresce numa boa turma

O hábito do convívio com os melhores aproxima-nos da excelência destes. Os pais que percebem isso desde cedo, facilmente cedem à enorme tentação de querer espremer as potencialidades académicas/físicas/sociais do filho até ao limite. Arranjam-se explicadores qualificados para aulas particulares, desvia-se o rapaz para uma turma mais bem sucedida, paga-se bem por acompanhamento intensivo, a exemplo, numa academia de futebol. E resulta. Porque a intensidade e a qualidade do método variam, mas também por haver uma selecção forçada que, por via das diferenças na insistência dessa aprendizagem redobrada, terá consequências em qualquer actividade futuramente desenvolvida. Seja ela desportiva, académica ou profissional.

"A nossa defesa tem um nível muito elevado. Na maior parte dos treinos, é mais complicado passar por eles e marcar, que contra a vasta maioria das equipas da Bundesliga. A forma como todos lêem o que se passa em campo é idêntica, o que torna a surpresa num fenómeno mais esporádico. Todos se conhecem, todos tem um nível elevadíssimo", afirmou Thomas Muller ao site goal.com

Há um ditado japonês que diz que, "se não existem inimigos internamente, os de fora não conseguem atingir-nos". No Bayern, fiel à máxima nipónica, a selecção forçada acaba por ser apenas a consequência desse compromisso. Isso não faz do clube alemão o voraz lobo mau que grande arte da imprensa neutra insiste em pintar. Depreende-se, pelas palavras de Muller e à semelhança de algumas intervenções que Cristiano Ronaldo tem tido numa estação televisiva privada portuguesa, que o maior adversário da excelência está dentro da nossa própria casa. Trepada a montanha adversária, o desafio passa agora por resistir ao ímpeto de espetar a bandeira da superioridade no topo desta. Talvez o campeonato se torne aborrecido para os jogadores do Bayern e estes comecem a facilitar ao fim-de-semana, mas no treino, durante a semana e onde realmente a diferença é feita, os alunos de Guardiola continuarão a ter nota máxima.

António Borges